Casamento no Carandiru

Em 2000 recebi um convite de uma pessoa que trabalhava dentro da Casa de Detenção de São Paulo, popularmente conhecida como Carandiru, para ajudar na celebração de um casamento coletivo que seria realizado no presídio.
As mulheres dos presidiários, que estavam em liberdade, faziam questão de se casar com roupas de noiva. Eu tinha em meu ateliê vários vestidos de noiva e resolvi realizar o sonho de cada uma delas: emprestei os vestidos e ajudei a maquiá-las.
Todo esse processo se tornou um trabalho de arte. Depois de vestidas e maquiadas, eu fotografava uma a uma e perguntava o que as motivavam a se casar de noiva dentro de um presídio e com um homem violento.
As respostas eram sempre muito parecidas: diziam que muitas mulheres que conheciam não eram felizes em seus relacionamentos, que passavam anos sofrendo de solidão e muitas vezes sendo maltratadas. No caso delas especificamente, no dia das visitas, que acontecia uma vez por semana, eles as esperavam: perfumados, ansiosos, loucos de amor e saudade. Assim, o conto de fadas se invertia – na tradição do “Amor Romântico” a espera sempre foi da mulher…
Estas fotos são o registro deste dia.

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