No vídeo-performance Entre-telas, 2015: o tempo esculpido entre mudança e permanência. Na sucessão das imagens vemos a artista, sua mãe e as duas filhas aparecendo na tela na medida em que o balanço da cadeira as avança para frente ou as recua para trás. Entram e saem sucessivamente da tela. O momento. Implacável. Surgem na tela fragmentos de corpos de frente um para o outro. O tempo não é reto. Tenso entre a identificação, simetria, e a diferenciação, harmonia. Um ruído do movimento das cadeiras é o fundo da forma produzida pelo encontro em movimento. Há caos. Mas também há cosmos. O vídeo é apresentado em uma instalação, na frente do qual está posta uma cadeira de balanço estreitíssima na qual ninguém consegue sentar-se. As mulheres da imagem não cabem na cadeira em corpo real. Há algo de inadequação e de morte. Mas também há algo de transbordamento e de sobrevivência nas imagens que entrelaçam as gerações.
Fernanda Carlos Borges